Música

Gilberto Gil traz hoje o show "Tempo rei" a Belo Horizonte

Turnê que marca a despedida dos palcos do artista baiano tem única apresentação neste sábado (14/6), no Mineirão, com Samuel Rosa como provável convidado

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Quarenta e cinco anos depois, “Palco” realiza a função para a qual foi criada. Composta quando Gilberto Gil colocou a carreira em xeque, nasceu para que ele desse adeus aos encontros com o público – o que está ocorrendo somente agora. É justamente “Palco” que abre o repertório de “Tempo rei”, a turnê de despedida em que, desde março (e até novembro) Gil celebra, em estádios, seus 60 anos de música.

Belo Horizonte recebe neste sábado (14/6), a partir das 20h, no Mineirão, o 13º show da temporada. São aproximadamente 30 canções, quase duas horas e meia em cena, com uma grande banda – 12 músicos, incluindo os filhos Bem (guitarra e baixo), José (bateria), Nara (voz) e o neto João Gil (guitarra e baixo), mais um quarteto de cordas.

O tom de despedida garante o caráter retrospectivo do repertório que obedece, na medida do possível, sua cronologia. “Eu só quero um xodó”, de Dominguinhos, remonta à chegada de Gil na música, quando aprendeu sanfona sob a influência de Luiz Gonzaga.

"Eu vim da Bahia" é uma ode a João Gilberto (que a gravou na década de 1970), a referência primeira do violão de Gil – que, ao longo das décadas, foi ganhando acentos do pop, jazz, reggae, tornando-se múltiplo e um dos pilares de sua produção.

O início do Tropicalismo é marcado por “Domingo no parque”. O hino “Cálice” é alicerçado por vídeo em que Chico Buarque (que participou do show no último dia 1º, no Rio de Janeiro) conta como Gil e ele criaram, em 1973, a canção de denúncia à censura do governo militar. “Back in Bahia” é do mesmo período, foi composta durante o exílio em Londres.

Como o repertório tem sido o mesmo, a surpresa de cada show fica por conta dos convidados. Gil ri alto quando questionado pelo Estado de Minas se a bola da vez será Samuel Rosa. “A gente não tem divulgado os convidados não.”

Diante do lançamento, na sexta (13/6), da nova gravação do reggae “Vamos fugir”, com Gil e Samuel dividindo os vocais, surpresa será se o ex-vocalista do Skank não subir ao palco nesta noite.

Após a agem por BH, Gil terá outros 10 shows de “Tempo Rei”. Com os 83 anos batendo à porta (em 26 deste mês), ele terá que esperar um pouco mais para descansar. No início de maio foi anunciado o Navio Tempo Rei.

No cruzeiro entre 1º e 4 de dezembro, de Santos ao Rio de Janeiro, Gil fará duas apresentações. Foram confirmados também Os Paralamas do Sucesso, Elba Ramalho, Liniker, Nando Reis, Elba Ramalho, João Gomes e Mãeana, Gilsons e Jorge Vercillo.

Só depois é que a vida caseira efetivamente virá. “Transformai as velhas formas do viver”, como diz o verso de “Tempo rei”. Gil não ficará longe dos palcos, mas vai se apresentar de forma esporádica e em pequenos espaços.

O sentimento, neste momento, é de missão cumprida. “Uma sensação de plenitude e, ao mesmo tempo, um esvaziamento”, Gil comenta na entrevista a seguir.

Dos grandes da sua geração, foi Milton Nascimento que, em 2022, deu a partida no modelo de despedida com grandes shows em estádios. Só que ele deixou os palcos enquanto você e Caetano falavam em desacelerar. Como você se vê no palco, depois de “Tempo rei”?
Minha previsão quando aceitei fazer essa última excursão era de que isso fosse realmente a dimensão final. Que eu, depois, ficasse mais à vontade para ficar em casa, fazer trabalhos esporádicos com menos intensidade, menos ocorrência de público. Coisas menores como eu fazia antigamente. Até bem pouco tempo atrás, o trabalho foi sempre em teatros. Nos últimos 10 anos, apareceram esses grandes festivais, aos quais comecei a comparecer. E agora essa nova dimensão, que é relativamente contemporânea, dos estádios, que só grandes artistas estrangeiros faziam. O Milton começou há pouco tempo aqui no Brasil e, agora, está se tornando um modelo. E esse modelo, para mim, é praticamente o final, porque quero voltar a fazer coisas pequenas e a ficar mais em casa com a minha própria música, meu violão, meus livros, minha televisão, a visita dos meus parentes, o contato permanente com amigos. Enfim, a vida doméstica.

Como você tem visto a luta da Preta para quebrar tabus envolvendo o câncer?
Acho que primeiro é uma coisa dela, da geração dela, essa hiperexposição pública através de redes sociais. Ela sempre fez isso com a carreira dela, com os discos que lançou, os blocos de carnaval que fez. E agora tem esse fato, uma questão íntima, pessoal, da doença, que ela está compartilhando com o público todo. Isso tem formado uma rede de afetividade, de apoio, uma torcida pela recuperação dela. Ela criou uma imagem afetiva muito importante no país inteiro. A doença dela está nesse campo das coisas que são colocadas à mesa, a essa mesa ampla e farta do dia a dia da comunicação, especialmente das redes sociais. Isso é um fenômeno social importante para esse fortalecimento da afetividade no sentido amplo brasileiro, o modo brasileiro de se associar a dimensões coletivas.

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