Doença de Peyronie: condição pode comprometer a vida sexual
Problema que atinge 13% dos homens e causa uma curvatura anormal e dolorosa do pênis tem tratamento
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Siga noA Doença de Peyronie, caracterizada pela formação de tecido fibroso na camada que reveste o pênis, é uma condição que pode causar curvatura anormal durante a ereção, dor e até redução do tamanho peniano. Embora atinja até 13% dos homens, comumente acima dos 40 anos, ainda é pouco discutida, levando muitos homens a sofrerem em silêncio.
Além dos impactos físicos, a doença pode causar dificuldades na penetração, impactando significativamente a vida sexual e emocional dos pacientes. Muitos homens demoram a procurar ajuda por desconhecimento ou constrangimento com as mudanças no próprio corpo, sem saber que existem formas eficazes de tratamento.
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Causas da Doença de Peyronie
Ubirajara Barroso Jr., chefe da divisão de Cirurgia Urológica Reconstrutora e Urologia Pediátrica do Hospital da Universidade Federal da Bahia, explica que a curvatura peniana pode ter origem congênita, presente desde o nascimento, sem relação com fibroses ou traumas, ou adquirida, quando desenvolvida ao longo da vida.
Embora a causa exata da Doença de Peyronie não seja totalmente compreendida, o urologista relata que microtraumas durante a relação sexual podem desencadear o problema. Esse risco é maior em posições onde há maior pressão sobre o pênis, como quando a parceira está por cima e ocorre uma dobra súbita do órgão contra a parede vaginal.
Essas microlesões durante a atividade sexual podem desencadear um processo inflamatório que leva à formação das placas. Outros fatores de risco incluem predisposição genética, envelhecimento e condições como diabetes e disfunção erétil.
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Com o tempo, esses traumas levam à formação de placas fibrosas, que provoca perda de elasticidade, resultando em curvatura acentuada do pênis, dificultando e até mesmo impedindo a penetração.
"Naturalmente, o pênis pode ter uma pequena curvatura para qualquer direção. Quando essa curvatura é acima de 30°, geralmente interfere nas atividades sexuais e no comprimento do órgão, sendo necessário operar", explica Ubirajara, que também é chefe do Departamento de Cirurgia Afirmativa de Gênero da SBU.
A Doença de Peyronie a por uma fase ativa, quando a curvatura ainda está aumentando, e uma fase estabilizada, quando se mantém constante. Esse processo dura, em média, um ano. Após esse período, caso a deformidade persista e prejudique a função sexual, a cirurgia se torna a principal opção de tratamento.
Tratamentos
O tratamento cirúrgico da Doença de Peyronie é recomendado para curvaturas acima de 30°, especialmente quando há dificuldade na penetração ou redução significativa do tamanho peniano. "Ainda há poucas medicações e baixo nível de evidência para tratamentos clínicos. Após a estabilização, o tratamento padrão ouro é por meio de cirurgia se a curvatura persistir geralmente maior ou igual a 30°", atesta o médico.
As duas principais abordagens são:
Plicatura: técnica que age na parte oposta à curvatura, por meio de suturas ou incisões. Essa é uma técnica não invasiva que não compromete a função erétil, mas pode causar redução no tamanho do pênis. Quando associada a técnicas de alongamento peniano é possível acondicionar o comprimento perdido. “O que nós fazemos é soltar o pênis das estruturas, dos ligamentos que o seguram no períneo, ganhando o tamanho visível no pênis flácido e como no períneo há uma redução do calibre do pênis, nós podemos engrossar o pênis com retalho escrotal, melhorando então o turgor peniano”, explica.
Uso de enxerto: essa técnica envolve a abertura do lugar da curvatura com incisão no formato em H e o preenchimento do espaço com um tecido substituto. A técnica de enxerto mantém o comprimento original do pênis reduzindo a chance de haver diminuição do tamanho do pênis após a cirurgia, mas apresenta maior risco de disfunção erétil (5 a 10% dos casos).
O urologista ressalta que as indicações para esses dois procedimentos são diferentes. “Para as curvaturas menores, principalmente menores que 45°, nós usamos plicatura, já nas curvaturas acima de 45° nós colocamos o enxerto”, esclarece.
Além dessas técnicas, há a possibilidade de associar o tratamento a próteses penianas, especialmente em casos de disfunção erétil grave. Para a largura do pênis, pode-se utilizar retalhos escrotais, proporcionando um resultado mais natural e satisfatório.
Um dos principais desafios no tratamento da Doença de Peyronie é evitar a perda do comprimento peniano. Técnicas avançadas têm sido desenvolvidas para desembutir o pênis retraído e reposicioná-lo corretamente, mantendo seu tamanho flácido e devolvendo suas características genitais.
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