Médica do esporte fala sobre os desafios atuais das mulheres esportistas
CEO do Mascote Universitário, Yhasmin Redondo, destaca a importância da visibilidade e das oportunidades para as atletas universitárias no Brasil
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Siga noNo mês dedicado às mulheres, é essencial refletir sobre a participação feminina no esporte universitário brasileiro. Historicamente, as mulheres enfrentam barreiras significativas para ingressar e se destacar nesse ambiente. Por exemplo, até a década de 1980, a prática esportiva feminina era um assunto considerado polêmico, com poucas competições oficiais e estruturas de apoio.
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Entretanto, iniciativas precisam reverter esse quadro, pois a participação feminina no ensino superior brasileiro tem aumentado ao longo dos anos. Por exemplo, em 2021, as mulheres representavam 58,4% dos alunos matriculados em cursos de graduação, um aumento de 2,5% em relação a 2011, segundo a SEMESP. Além disso, as mulheres constituem a maioria entre os estudantes da educação superior, refletindo uma maior escolarização feminina em geral.
A médica do esporte e CEO do Mascote Universitário , Yhasmin Redondo observa que muitos profissionais de saúde ainda desconhecem o universo do esporte universitário. "Há uma lacuna no entendimento sobre as demandas fisiológicas e psicológicas específicas das atletas, como questões hormonais e lesões mais comuns em modalidades femininas", explica.
Ela destaca a necessidade de maior envolvimento multidisciplinar, incluindo nutricionistas e psicólogos especializados, para promover a saúde e o desempenho das atletas.
O Mascote Universitário, atua como um hub de comunicação com o propósito de valorizar e aumentar a visibilidade do esporte universitário no Brasil. Desde sua fundação em 2018, a plataforma já cobriu mais de 50 eventos esportivos universitários, atingindo um público de 3 milhões nas redes sociais em 2023.
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Pesquisas
Dados do Instituto de Pesquisa DataSenado (2023) revelam que, embora 68% das brasileiras consideram o esporte importante para a igualdade de gênero, apenas 22% se sentem representadas em competições de alto nível.
A pesquisa, realizada em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, aponta que 45% das atletas universitárias já sofreram assédio ou discriminação em ambientes esportivos. "Isso reforça a urgência de políticas públicas, como a Lei 14.597/2023, conhecida como Lei Geral do Esporte, estabeleça medidas para promover a igualdade de gênero no esporte, como a exigência de que organizações desportivas tenham pelo menos 30% de mulheres em cargos de direção para receber recursos públicos federais", comenta Yhasmin.
A visibilidade, segundo ela, é crucial para o desenvolvimento do esporte universitário feminino. Como exemplo, na última olimpíada, as mulheres constituíram 48,8% dos participantes, marcando um avanço significativo em direção à equidade de gênero no esporte olímpico.
Destaques
"Ao destacar conquistas, Amandinha, eleita oito vezes consecutivas como a melhor jogadora de futsal do mundo, também teve uma trajetória como atleta universitária e Camila Costa da Silva, eleita a melhor jogadora de futsal do mundo em 2023, também foi atleta universitária, casos como os delas inspiram novas gerações", afirma.
No mês das mulheres, é fundamental celebrar avanços e reconhecer desafios persistentes, como a diferença salarial: nenhuma mulher apareceu na lista dos 100 atletas mais bem pagos do mundo em 2024, segundo o site Sportico. Iniciativas como o Mascote Universitário desempenham um papel vital na construção de um cenário mais inclusivo, onde as mulheres possam exercer plenamente seu potencial.